quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Livro I - Terra dos Esquecidos - Cap. 1

Ao Charlotte e eu entrarmos na sala, nos deparamos com James, nosso especialista em explosivos. Ele era o tipo de pessoa que se você encontrasse no bar bêbado, rezaria para que ele não se irritasse com você. Quase 2 metros de altura,e como ele mesmo falava nos momentos descontraídos "Os braços mais grossos que carvalhos" Era loiro e tinha a barba mal feita. Também estavam os gêmeos, Ian e Scott. Típicos assassinos. Loucos e que usam muito pouco as palavras, principalmente Scott. Eram altos, e os cabelos não viam uma tesoura a tempos. Eram tão longos quanto os de Charlotte, loiros. Esse era nosso destacamento. Eu era o que estava aqui a mais tempo, Charlotte havíamos a encontrado, nas ruínas de, o que ela nos contou depois, ser um outro grupo de resistência. Eramos vários, porem raramente tínhamos comunicação entre nós. Boa parte de nossas missões, eram de reconhecimento, atrás de outros grupos, ou novos recrutas.
Nosso "oficial" nos observou, respirando fundo, e começou a falar:
- Destacamento Gamma, tenho um novo trabalho para vocês. Conseguimos descobrir em alguns manuscritos antigos, que estavam aqui na abadia, sobre alguns certos artefatos. Porém precisamos do resto dos manuscritos para tal... Desconfiamos que os manuscritos eram de posse templária, portanto... - ele fez uma pausa,fitando-nôs - Devem ir a Temple Church.
"Merda" pensei comigo mesmo. Seria uma missão complicada. Mas o pensamento de nosso oficial era lógico. Afinal, aquele lugar era muito bem guardado por nosso inimigo.Teriamos que ter um bom plano.
- Estão livres para escolher como agirão, e o façam assim que possível. Cuidem-se. - Ele dizia, finalizando e nós nos retivamos dali, calados, pensando qual seria nosso plano de ação. Poderíamos pegar um blindado, e dirigir como loucos. Olhei para os gêmeos, e pela cara deles, possivelmente era o que eles imaginavam.
- Podemos usar uma distração - James sugeria, coçando a barba ao queixo, olhando os outros. - Algumas explosões talvez, para fazer com que eles olhem para o lado contrário...
- Não sabemos quantos são nem, como estão posicionados... Só sabemos que eles tem muitos ao redor da igreja... - Charlotte indagava olhando os 4 rapazes. - Garotos, precisamos fazer algo que eles não esperam. Entrarmos sem sermos vistos ou notados. Talvez la dentro seja como aqui... Talvez eles não possam entrar e estaremos seguros.
- Mas nesse seu talvez, "garota" podemos todos morrer por não ser uma certeza. - Ian replicava-a, com um certo tom de deboche no sotaque pesado de irlandês. Scott apenas meneava a cabeça, afirmando.
Eu apenas observava o grupo. Tive uma idéia e comecei a andar para a biblioteca da igreja, acelerado. O resto, percebendo, começou a me seguir, como se percebessem que eu havia tido uma boa idéia. Na biblioteca, comecei a fuçar, procurando as plantas da cidade que conseguimos pegar da prefeitura.... e puxei um tubo. Os gêmeos, foram a uma mesa, e sem a menor cerimônia tiraram todos os livros de cima dela, em seguida já abri a planta. E eles viram minha idéia, sistema de esgoto de Londres. Galerias tão velhas e amplas que poderíamos andar por toda Londres sem nenhum problema. Mas não sabíamos se nosso inimigo também o fazia. Procurava nossa posição no mapa, e Charlotte já pegava papel e caneta, ia traçar nossa rota. Ao nos localizarmos, fui com o dedo, enquanto ela, rapidamente copiava a rota, até nosso alvo.
James riu olhando-me:
- É garotão, conseguiu nossa entrada. Ao menos se eles tiverem la, vão estar tudo em fila pra nós. - Fiquei um tanto sem graça, bem não foi uma idéia tão brilhante. Mas o grupo pelo jeito havia aceitado.
- Então... melhor irmos logo. - Disse a eles. - Vamos levar um pouco de explosivos caso seja necessário. Se não voltarmos, eles não poderão conhecer essa rota.
Saímos da biblioteca, indo ao nosso arsenal. As paredes forradas de rifles, pistolas, escopetas e armas brancas. Os gêmeos pareciam crianças ali dentro, enquanto Charlotte e eu apenas pegávamos pistolas e submetralhadoras, MP5 modificadas. Novo tipo de munição. As armas disparavam projéteis feitos com cristais, com um ganho mais na velocidade, maximizando os ferimentos. Não era tão eficiente quanto as munições de grande calibre antigas, mas era o melhor que poderíamos ter. Por enquanto. Todos também, pegaram uma arma branca, nunca se sabia quando isso podiasalva-lo. Apenas Charlotte e James não carregavam espadas, eles preferiam lanças e machados.
Estávamos saindo da abadia, iriamos entrar nos esgotos apenas quando estivéssemos a uma distancia segura para nossa fortaleza. Os 5 estavam caminhando pelas ruas, após saírem do portão, atentos... a todos os lados e movimentos. Nem sempre eles estavam a espreita, mas era melhor estarmos prontos. Charlotte, James e eu íamos a frente, enquanto só gêmeos cobriam a retaguarda. Usávamos os becos e os destroços das ruas para nos ocultar, estávamos praticamente numa guerrilha urbana.Tínhamos que ser invisíveis o máximo tempo possível.
Eu estava mais afrente do grupo, e ergui a mão, sinalizando para que parássemos... Ian já observava nossa frente, através da mira de seu rifle. Ele ergueu 3 dedos na nossa direção, e apontou pra direção aonde estavam. E se movimentou, procurando uma posição melhor. Scott continuava protegendo a retaguarda, com o dedo coçando para atirar.
Um urro cortou o silêncio, uma das criaturas, parecia um cão porem bem maior e sem pelo, com pedaços da pele em decomposição. Pulava sobre os destroços, em nossa direção. Rapidamente me joguei pro lado, rolando pelo chão, enquanto Ian e Scott atiravam na criatura. Os projéteis cristalizados produziam um zumbido estranho, e começavam a dilacerar a carne da criatura. James recuava um pouco enquanto tirava o pino de uma das granadas, earremessou-à em direção às outras criaturas que se aproximavam. A explosão era alta, e as criaturas caiam feridas no chão. Nós nos juntamos e corremos pelas ruas.Sabíamos que em breve eles estariam aqui, em maior numero. Charlotte nos guiava, lembrando o caminho através de becos, até a próxima entrada do esgoto. Ao acharmos, Os gêmeos e eu, játiravamos a tampa, enquanto James preparava uma armadilha. Uma granada no canto com um cabo preso a um prego do outro lado. A boa e velha,booty trap.
Charlotte foi a primeira a descer, já iluminando os esgotos. O cheiro não era lá muito pior do que no passado, mas não nos importávamos mais com aquilo. Um a um, descíamos, fechando nossa entrada em seguida. Ligávamos nossos óculos de visão noturna, e começávamos nosso caminho pelo subsolo de Londres.
Estávamos caminhando há meia-hora, e chegamos em uma grande galeria. Estava tudo indo bem por enquanto... A galeria era enorme, com pilares, e então ouvimos passos. Nos escondemos atrás dos pilares, esperando o que estava por vir. Respirávamos baixo, todos com as armas já prontas a mão.Podíamos sentir a tensão de nosso grupo no ar. Ouvimos o som do que estava ali refungando, e mais passos. Provavelmente teríamos problemas... Nós já, lentamentetrocavamos nossas armas. O espaço não era propicio pra esse tipo de arma... Ergui a mão, e contei até 3, rolando para o lado, e agachado sobre a agua comecei a atirar. Os malditoscães-do-inferno estavam aqui também! Ele uivou ao ser atingido por meus disparos, e ainda avançou, em carga em minha direção... Eu continuava a atirar, e a criatura não parava. Ele pulou. Nesse momento eu ouvi o som da carne dele sendo rasgada, e seu sangue caindo sobre minha face. Charlotte estava atrás de mim, com sua lança acima de meu ombro, varando o corpo da criatura,tombando-a para o lado. Os gêmeos estavam com problemas com 1 das outras criaturas, que pulou na direção de Scott, arranhando-o profundamente no braço esquerdo... "FILHO DA PUTA" ele gritou, pegando uma .12 de cano cerrado no cinto e espalhando o cranio do demônio no chão. Nos reagrupamos, e eu passei a mão pela face, tirando um pouco daquele pútrido sangue de minha face. Charlotte se aproximou do Scott e, sendo a médica do grupo, pegou na mochila uma garrafa de álcool.. jogando sobre o ferimento... Scott serrou os dentes mas ela apenas sorriu, assoprou de leve, e começou a envolver o ferimento com bandagem. Era um curativo rápido, apenas para estancar o sangramento.
- Vamos logo... nosso tempo aqui embaixo esta acabando... é bom a Temple Church ser mesmo a prova de demônios, ou vamos estar fodidos - James falou preocupado, já começando a caminhar. Charlotte se aproximou, perguntando como eu estava, e eu a agradeci por ter me salvo.
Chegávamos a nossa entrada, e começamos a subir pela escada. A saída daria nos fundos da igreja, poucos metros da entrada da sacristia.Subimos rápido e nos posicionamos. Nenhum inimigo do lado de fora. Avançamos rápido para a porta, e a abrimos, rapidamente. Estávamos dentro da Temple Church. Estava na hora de começarmos a procurar os manuscritos.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Prólogo

Estava tão animado... Era uma tarde normal de outono, e estavamos juntos... Ela estava sentada no metrô, esperando que chegassemos logo a Estação Baker Street. Sempre quieta, e eu gostava de observá-la... Crescemos juntos, e comecei a sentir algo por ela. Era tão bela... Ela tinha um olhar sereno em um tom azul-claro muito raro, os cabelos claros, quase prateados. Tinha uma voz doce. Eu podia passar o dia todo olhando-a, por todo o tempo. Eu não queria perdê-la jamais... Ela ergueu um tanto a cabeça, e olhou-me, ficando com a face rubra, por eu estar observando-a tanto... Deu um sorriso curto e abraçou-me.
Finalmente havíamos chegado.... Animado, saí do metrô puxando-a pela mão. Aquela estação era tão diferente! Os ladrilhos com a face de Sherlock Homes estilizada. Valia a pena toda a viagem. Saimos da estação, olhando a imponente estatua, de claro, Sherlock. Olhei a novamente, e percebi que tinha uma sacola em mãos. Éramos jovens... tinhamos 15 anos. Caminhamos juntos, tranquilos, em direção à Regent’s Park.
Tudo estava calmo... uma brisa suave soprava pelo parque, e podíamos ver as folhas cair... Sentamos embaixo de uma árvore, e eu acariciava os cabelos dela... Ela ergueu o olhar direcionando-o à minha face, e sentou-se, de frente pra mim, e tirou uma caixa da sacola, estendendo-a para mim, me dando um rápido e tímido beijo. Fiquei sem graça por não ter trazido nada a ela. E ao abrir a caixa, deparei-me com uma adaga, com o cabo prateado, com uma cruz templária adornando-a.
Sorri em agradescimento, e houve uma explosão... gritos... o céu tornara-se negro... Raios cortavam os céus, num tom rubro. Levantei-me, segurando-a proximo a mim, guardando o presente em um dos bolsos de minha calça. De dentro do lago, um imenso anel de pedra surgia. Comecei a afastar-me, puxando-a comigo para longe daquilo. Instinto de sobrevivência. Alguns ficavam próximos, curiosos. Olhei para trás, chamas tomaram conta do interior daquele anel de pedra, e dele sairam, queimando aqueles que estavam próximos. Segurei mais forte a sua mão e saí correndo dali. Não olhei mais para trás, apenas queria voltar pra casa. Seguro, com ela. Mas não aconteceu...
(...)
Acordei assustado e suando frio, num sobre-salto, acertando minha cabeça na cama acima da minha, no alojamento... Tentava controlar a respiração. Novamente sonhei com aquele dia. Eu ainda não consegui esquecê-la e nem entendo como a perdi. Estávamos juntos, próximos à estação e fomos separados. Ela nunca voltou para sua casa. Peguei a adaga que ela me dera, sempre comigo, embaixo de meu travesseiro. Foi muito util nesses anos de batalha. Passaram-se 10 anos desde aquele dia. O dia que os Portões do Inferno abriram. O dia que a humanidade tornou-se escrava dos caprichos demoníacos. O dia que percebemos que anjos não existem....
Levantei-me, e caminhei pelo apertado quarto. Uma dúzia de rapazes dormia ali. Anos atrás, eramos apenas jovens comuns. Do tipo que não chamaria atenção na multidão, e teria uma carreira comum, uma família comum, uma vida comum. Hoje somos soldados. Lutávamos por uma causa única. Libertação. Éramos cerca de 150 pessoas, e estavamos em um dos poucos lugares “seguros” para humanos. A Abadia de Westminster. Não sabíamos por quê, mas eles não conseguiam se aproximar de nós, e demarcamos nosso perímetro. Sabíamos que um dia eles iriam conseguir entrar aqui. Seja eles mesmos, ou seus servos humanos, que preferiram se ajoelhar.
Tomei uma rápida ducha, e juntei-me a meus colegas no refeitório. Sentei ao lado de Victor, amigo e confidente ali dentro, além de ser um dos cientistas de nossa cidadela. Ele era um gênio, junto com outros rapazes, inventaram armas, métodos, armadilhas, tudo para ajudar-nos em nossa luta. Desenvolvemos tecnologias incríveis nos ultimos 5 anos. Coisas que nunca imaginaríamos, se não fosse nossa necessidade. Victor observou-me, e falou baixo “Novamente aquele sonho meu amigo?”. Olhei-o e menei a cabeça, assentindo. Ele suspirou pesadamente, e calou-se, terminando sua refeição e saindo, me dando dois tapinhas nas costas, tentando me animar. Quando ia me levantar, senti meus olhos serem cobertos por mãos, macias, suaves, um riso feminino atrás de mim. Soltei as mãos dela, e virei-me “Charlotte...”. Perdi-me em pensamentos, ao ver aquela bela mulher. Cabelos ruivos longos, em uma trança e os olhos verdes, um corpo que facilmente, fora desse inferno, teria uma vida de luxo como modelo, ou arrasaria corações. Aqui ela era como eu, um soldado. Mas o jeito que ela agia comigo, eu percebia que ela se interessava por mim. Sai de minha confusão de pensamentos ao ouvi-la: “Shay, Shay... por que ta com essa carinha denovo hein? Já sei o que você precisa... vem comigo” E riu, me puxando pela mão pra fora do refeitório. Ela me puxava pra sala de um dos líderes, que mais um pequeno destacamento já estava lá. Anos atrás, eu era apenas um jovem comum, com cabelos castanhos e sonhos. Hoje era um soldado, que lutava pela única causa justa que a Terra já havia presenciado em uma guerra. E nós, nessa pequena sala, tinhamos um trabalho a fazer.